Titulo: City of Glass
Autora: Cassandra Clare
Ano de Publicação: 2009
Série: The Mortal Instruments, #3

"Is this the part where you say if I hurt her, you'll kill me?" 
"No" Simon said, "If you hurt Clary she's quite capable of killing you herself. Possibly with a variety of weapons." 



AVISO: Pode conter spoilers para os dois primeiros livros.

Meu problema com a série Instrumentos Mortais sempre foi que, apesar de uma premissa interessante e um desenvolvimento legal, os finais sempre foram decepcionantes. A previsibilidade de séries YA não costuma me incomodar, mas Instrumentos Mortais tem um grande potencial mostrado ao longo de sua narrativa e que não é alcançado em função de resoluções fracas e tramas óbvias.

No primeiro, Cidade dos Ossos, lembro-me de ter adivinhado a grande revelação sobre os dois protagonistas na metade do livro. Em Cidade das Cinzas, a minha irritação com Simon crescia a cada página e a grande missão de resgate no navio, que poderia ser excelente, falhou em me emocionar. É natural, portanto, que não tivesse grandes expectativas para City of Glass, o fim da primeira parte da hexalogia, e foi melhor assim.

A história começa uma semana depois dos eventos do segundo livro, e Clary se prepara para viajar para a cidade dos caçadores de sombras, Alicante, onde espera encontrar o antídoto para o sono inacabável de sua mãe. Jace e Simon conspiram para que ela não vá, deixando-a protegida, mas enquanto estão no Instituto são atacados e acabam fugindo, em companhia dos Lightwoods, através do único Portal aberto, que fica destruído.

Não aceitando ficar em Nova York, Clary age contra o conselho de Luke e cria uma runa capaz de transportá-la para o lugar, ainda que isto seja sumariamente proibido pela Clave. O lobisomem a segue acidentalmente e todos os personagens acabam envolvidos em uma tentativa desesperada para frustrar os planos de Valentine.

Um novo personagem é introduzido de tal maneira que é praticamente impossível não prever parte de sua trajetória e a tão esperada batalha final é mal aproveitada, não fazendo jus à trama, como expressado pelos próprios personagens. Não sei se por ainda não se tratar do fim da série, a autora não quis escrever uma grande e épica cena, mas gostaria de uma descrição mais elaborada, até porque o recurso utilizado para vencer a luta tinha um grande potencial.

Lendo a resenha pode até parecer que eu achei o livro ruim. Não é assim. Durante várias sequências, a obra se torna um verdadeiro “page turner”, mas eu vi todas as grandes surpresas chegando no mínimo trinta páginas antes e isso tornou tudo um pouco menos divertido e me impediu de desfrutar da experiência como gostaria.

De um modo geral, se você adorou os primeiros livros, provavelmente vai adorar City of Glass. Se não, provavelmente terá a mesma sensação que eu. Ainda assim, vale a pena conferir.
Título: Quarto
Autora: Emma Donoghue
Ano de Publicação: 2010
Lançamento no Brasil: 2011
"When I was a little kid I thought like a little kid, but now I'm five I know everything" 
Certos livros simplesmente mexem com você. 

Em Quarto, somos levados à história pela hábil narrativa de Jack, um garotinho de cinco anos que nunca conheceu outra realidade que não aquela entre as quatro paredes do lugar onde nasceu. Criado pela mãe, uma jovem sequestrada que vive em cativeiro há sete anos, ele acredita, em uma inocência pueril, que as coisas que vê na televisão não passam de outros planetas irreais e que os "presentes de Domingo", trazidos pelo Velho Nick são as únicas variáveis do seu mundo.

A ingenuidade de Jack nos permite ver o mundo de uma outra maneira e a forma como a Mãe busca deturpar a cruel realidade dos fatos a fim de manter sua singeleza funciona como uma verdadeira lição de vida para os leitores, acostumados a reclamar de tudo e de todos sem parar para analisar outras matizes.

Emma Donoghue consegue com Quarto escrever uma história original e relevante, leitura obrigatória entre os lançamentos deste ano.